domingo, 5 de fevereiro de 2017

Wrap up Janeiro #historiquices

Inês de Castro

Adorei ler mais um livro sobre esta apaixonante história de amor e ficar a conhecer pormenores, que não me foram transmitidos pelas aulas de história.
Fiquei a perceber melhor o porquê de o Rei Afonso IV ter tomado a decisão extrema que tomou. Além de perigo político  - real ou imaginário - havia também uma certa quezília pessoal. Inês tinha sido criada por um filho natural (diga-se bastardo) de D. Dinis, e um que o rei preferia tanto, que chegou a fazê-lo mordomo do Reino, um alto cargo que seu filho Afonso viu como ameaça á sua herança.
Inês é uma fidalga de pleno direito, apesar de ser filha ilegítima de D. Pedro Castro, sendo ela neta do Rei de Castela, tal como o seu apaixonado Pedro.
Pedro, que sempre respeitou sua mulher Constança, mas apaixonou-se pela "bela Inês" com o seu colo de garça. Ficou sériamente afetado, como seria de esperar, com a ação de seu pai e resolveu punir a quem a matou e ao mesmo tempo,  fazê-la coroar rainha depois de morta.

Fiquei surpreendida com a escrita da autora, que é cuidada, muito à época e que, ao mesmo tempo, nos envolve na trama.
Dá um background de cada um deles e da sua infância, até ao momento em que se conhecem. Pode-se dizer que há uma 1ª parte e uma 2ª parte.
A 1ª parte é muito mais factual, enquanto fala da infância de Inês, de Pedro e da D. Constança, a partir do momento em que Inês vai para o serviço dela. Fala muito de linhagens, terras, fortificações e toda uma parte da história de Castela, Aragão e Portugal.
Gostei imenso e aí fiquei completamente imersa na história que, ao fim e ao cabo, não é novidade nenhuma e tem um desfecho previsível.
Mas a capacidade da autora de nos entregar a informação relevante, a maneira de nos contar um evento que já sabemos, de uma maneira que parece nova, revela a sua mestria.
Fiquei uma fã e irei certamente ler mais livros desta autora.

Como já tinha visto quer a série quer o filme, decidi ver o documentário do meu saudoso Prof. José Hermano Saraiva. Este senhor tinha uma maneira de contar as "estórias da História", que ainda não encontrei igual.
Aqui, neste documentário bastante curto, dá-nos as razões porque Inês "teve" que morrer. Explica a par e passo todas as intrigas palacianas em redor desta morte, que, na minha opinião, foi lamentável. E ainda introduziu uma teoria, que me fez ficar a pensar onde a conseguir encaixar. Gosto imenso de teorizar sobre eventos passados e o Prof deu-me matéria para isso.

Neste momento, quero agradecer a todas as pessoas que aceitaram o meu desafio e que estão a participar neste projeto que se quer diverso, mas com um foco: histórias de grandes mulheres.
O meu muito obrigada e bem-haja


Kisses da vossa Geek



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

As Minhas Fitas #2

"Um Caso Real" ( A Royal Affair)


Este filme de 2012, uma co-produção entre Alemanha, Dinamarca, Suécia e Republica Checa, conta a historia real da rainha Caroline Mathilde da Dinamarca. Ela era uma princesa inglesa que foi casar com o Rei Christian VII, claramente com perturbações mentais. 
À sua madrasta, Julianne, convinha que ele não se comportasse como um rei, pois queria pôr o seu meio-irmão no trono, ficando ela como regente. Christian é um fantoche na mão do seu conselho privado.

Caroline parte com ilusões de amor e de um marido compreensivo, mas a realidade choca com o que ela pensava que iria ser a sua vida de casada. Apesar de ser um casamento arranjado, onde o amor não é para aqui chamado, ela construiu uma imagem a partir do que os conselheiros de Christian disseram aos seus pais, aquando do noivado e respetivo contrato de casamento. Ela vê-se num país estranho, com gente estranha e não muito amigável e o  que é pior - o seu marido é dado a explosões temperamentais repentinas,  prostitutas, álcool e devassidão no geral. Ela prepara-se para sofrer em silêncio - ou tão silenciosamente quanto possível - com o seu primogénito Fredrik.


Eis que o jogo se altera com a entrada em cena do Dr. Johann Struensee, um médico avançado para a sua época, que conseguiu compreender o que Christian precisava e conseguiu estabilizá-lo.


Mas, ele é um homem do Iluminismo, numa altura em que ser Iluminista queria dizer ideias progressivas, normalmente relacionadas com uma certa agitação política (que mais tarde, iria conduzir à Revolução Francesa) mas, que quando o filme começa ainda são só tidas por ideias subversivas. Ele tem livros proibidos, que começa a emprestar à  rainha. Ela, a principio desconfiada e nada apostada em dar confiança àquela personagem, acaba por amolecer, mais por causa da sua solidão, e ao compreender o tipo de poder que aquele homem tem sobre o seu marido.


Então, ela e Struensee, começam a industriar Christian para que, a coberto do que ele pensa ser por sua iniciativa, ele comece a implementar as mudanças políticas e sociais de que o país necessita desesperadamente.
E no meio desse processo, eles apaixonam-se. Vai ter consequências nefastas para todos, mas penso que o final foi redentor. É um filme onde se vê muito bem os meandros do poder, pela parte de quem o exerce e por quem o quer vir a exercer.


Com interpretações fantásticas de Alicia Vikander e de Mads Mikkelsen, este filme europeu tem toda a qualidade e sensação "europeias" - excelência nos  diálogos e atuações fabulosas onde mais do que o bom aspeto dos atores, conta a sua capacidade de "vestir" a personagem e levá-la mais além. Sentimos tudo: as humilhações de Caroline, as incertezas, a solidão, mais tarde a paixão, a sensação de poder e depois de perda.
Um pedaço interessante de trivia: Alicia Vikander teve que aprender dinamarquês e todo o filme foi rodado desta língua, apesar da língua que a corte usava nesta altura seria o alemão. O dinamarquês era considerado a língua do povo.


E vocês - já viram? Digam-me tudo.


Kisses da vossa Geek