quarta-feira, 10 de maio de 2017

Reflexões

Autores favoritos
Quase todos nós temos aquele autor ,ou conjunto de autores - em géneros diferentes, falando no meu caso - os quais compramos livros sem ler sinopses: é de fulano de tal ou sicrana de tal? Já está comprado!
Mas quanto deste comportamento é "são"? E não digo só por causa da carteira de um livrólico, que coitada, sofre estes rombos todos sem se poder queixar, mas sim - o quanto é que comprar automaticamente é racional?
Dou o meu exemplo específico: nos romances históricos, tenho como referência a Isabel Stilwell, em autores portugueses. Só me falta ler 2 dos livros publicados. Mas se pensam que não tive deceção nenhuma com ela, enganam-se: já tive. Mas não foi por isso que parei de comprar, ou que tenha relegado a autora para o final das minhas preferências. Pois apenas um deles não me agradou, e até atribuo isso ao possível pouco interesse que a personagem abordada tinha.
Depois de ler esse livro menos bom - que nem acabei, devo frisar - fui com algum receio para o próximo. Será que a "magia" tinha terminado? Não, não tinha. Li 2 livros em seguida e adorei cada um deles.
Num exemplo oposto, a minha referência a nível de históricos internacionais, era a Philippa Gregory - adorei a série Tudor, achei-a a um nível espetacular e a série Primos em Guerra achei a coisa mais básica de sempre, desinteressante - tanto assim foi, que não li mais nada além do 3º livro. Confesso que há alguns títulos dela que me chamam a atenção, mas tenho receio, depois das 3 desilusões em sucessão.
Há pessoas que compram tudo de determinado autor e, mesmo aquilo que toda a gente afirma que não prestou, dizem que é excelente e que está ao mesmo nível dos outros. Será cegueira por terem gostado tanto dos trabalhos anteriores? Ou simplesmente "os outros" estão apostados em deitar abaixo aquele autor, que tanto veneram?
A minha opinião é de que quando compramos "cegamente", é porque gostámos tanto de um livro em particular, que nos disse tanto, que queremos ter essa sensação de volta. E porque as sensações guardam-se no cérebro, tentamos replicá-las, para termos a mesma adrenalina e emoção.
Enquanto a sensação se mantiver, vamos achar esse autor o melhor e de nossa eleição - quando ele não nos fizer sentir o mesmo arrepio, como se estivessemos a ler pela primeira vez, é quando o iremos deixar de lado, talvez não em definitivo, mas passamos a comprar e a ler mais racionalmente.

E você - concordam? Não? Digam-me tudo nos comentários.

Kisses da vossa Geek

domingo, 7 de maio de 2017

As Minhas fitas #3


What Ever Happened to Baby Jane?
O que aconteceu à Baby Jane?
Este é mais um dos meus golden oldies. Vi-o à pouco tempo, para a #cineseraoexpresso, organizada pelo blog Serão no Sofá.

O filme começa em 1912, num espetáculo de Vaudeville - agora seria chamado de variedades - em que as pessoas apresentam os seus "talentos": cantar, dançar, engolir fogo, etc. Começamos por ver uma menina lindíssima, loira e adorável a cantar "I´ve written a letter do Daddy", que faz chorar as pedras da calçada. Mas à saída, a menina adorável transforma-se numa criaturinha mimada, desprezível, arrogante. Os pais dividem-se:
o pai adora a Baby Jane (é a menina loira) e a mãe fica a apoiar a irmã mais obscura, Blanche. O pai faz todas as vontades a Jane, tornando-a preguiçosa e má e a mãe tenta amenizar os sentimentos da irmã, dita "enjeitada".

Os anos passam e os papéis invertem-se: Blanche Hudson é uma estrela de Hollywood consumada, e a sua irmã Jane apenas faz filmes porque o contrato de Blanche assim o exige. Jane tem problemas com o álcool, o que faz com que os diretores e realizadores dos estúdios fujam de ter que trabalhar com ela.
Mas um grande acontecimento faz com que Blanche fique à mercê de Jane. Um acidente de viação torna-a paraplégica e, por conseguinte, dependente da irmã. Mas há imensos rumores acerca de como o acidente aconteceu: muita gente diz que foi Jane quem atropelou Blanche, num daqueles momentos de blackout bêbado. E ela, como não se lembra, assume o mesmo.
30 anos depois, a história tem um epílogo, que será o ponto central deste filme.

Por onde começar, com tanto talento no écran? Começo por dizer que a Bette Davis é uma das minhas atrizes favoritas do "antigamente", mas o talento nunca morre. 
Embora o filme tenha um mistério e seja, de certo modo sufocante - Blanche está como prisioneira em casa e a Jane é a sua carcereira
o ponto que mais destaco é os problemas entre as irmãs. O ressentimento mútuo, as mesquinhezas, até o ódio, contribuem para o desfecho desta trama.
Jane, sendo uma ex-criança prodígio, continua a viver na ilusão de que toda a gente se lembra de quem ela foi, lá bem atrás no tempo. A cena na redação do jornal é embaraçosa e bem demonstrativa disso.

Ela agarrou-se á sua antiga fama e na cabeça dela, nunca deixou de ser a Baby Jane, que as pessoas faziam fila para ir vê-la cantar e dançar. Nunca se conformou com o sucesso da sua irmã, a seus olhos, menos talentosa que ela. E não conseguiu lidar o ter que ficar na sombra dela e do dinheiro dela, pois a Jane "bebeu" todos os seus rendimentos.
Blanche, por seu lado, não é menos inocente, embora tenha feito de tudo para que a irmã não se sentisse tão inferior, que tivesse um lugar no mundo onde ela singrou. Mas manteve-a acorrentada a ela por tanto tempo, que ela rebelou-se. Ela não soube ver que a culpa não iria fazer a sua irmã gostar dela.
Mas ela é tão perturbada quanto Jane, embora parecendo uma vitima. O ressentimento pelo carinho e atenção que o pai lhe negou na infância, privilegiando a sua irmã, foi uma constante na sua vida e quando se pôde vingar, ela -lo.
Este é um filme com personagens complexas, sentimentos complexos, muita culpa. É um filme negro, tal como a sua fotografia a preto e branco. É um filme que nos faz pensar nos meandros da mente humana e como, a partir de um mal-entendido, se gastam vidas inteiras, anos e anos de sofrimento mútuo.


Mais recentemente, e, inspirado pelas interações destas famosas atrizes, foi feita uma série, ainda em produção, que aborda quer o mundo do cinema, quer a rodagem deste filme. Chama-se  Feud e conta com a Susan Sarandon como Bette Davis e a Jéssica Lange como Joan Crawford. Atrizes a fazerem de outras atrizes, a rodarem um filme - deve ser interessantíssimo!





Kisses da vossa Geek