quinta-feira, 10 de agosto de 2017

As Minhas Fitas #4

Hoje vou falar do filme baseado no meu livro favorito de sempre

Feira de Vaidades

Antes de mais, a BBC fez uma mini-série - tal como com Orgulho e Preconceito - que cheguei a ver num canal de cabo, há muitos anos atrás, e essa sim - era fiel ao ritmo do livro, do principio ao fim.
Este filme é muito aproximado, embora com algumas alterações, não muito significativas. E dentro do filme - para quem não leu - a historia tem cadência e é credível.

Para quem não sabe o enredo, esta é a história de ascensão e queda de Rebecca Sharp, uma órfã muito dona do seu nariz e muito determinada a subir na vida, deixando a pobreza com que se debateu desde a infância, para trás. Ela faz amizade com Amelia Sedley, de uma família de comerciantes, portanto muito mal vistos pela sociedade inglesa - novos-ricos -  não havia epítome pior que esse! Ela forma uma amizade com essa menina, da sua idade, para poder ter acesso à sociedade elegante, e, nomeadamente, ao irmão solteirão de Amelia, o Joseph.


Mas o noivo de Amelia, o orgulhoso George Osbourne, não quer uma simples preceptora - pois era essa a profissão que Rebecca ia começar a exercer - como cunhada e consegue desfazer o namoro incipiente.
Becky, como é uma rapariga cheia de recursos, inteligência e que nunca se deixa abater, consegue-se fazer notar pela tia solteirona, da familia para onde ela vai trabalhar, os Crawleys. E a história dela começa mais ou menos aí.
A Reese Witherspoon encarnou muito bem a personagem badass da Becky, que é a minha personagem ficcional preferida. Ela é atrevida, ambiciosa, com um jogo de cintura tremendo. E ela conseguiu passar tudo isso para o écran. Até o facto de estar grávida, à altura das filmagens, foi incorporado no filme.

O James Purefoy fez um bem disposto e magnânimo Rawdon Crawley e o Jonathan Rhys-Myers fez um George Osbourne bem orgulhoso e altivo, tal como no livro. Poderia mencionar o resto do cast, mas seria cansativo. Todos estiveram à altura, embora o "Velho"  Dobbin não fosse tão trapalhão, como no livro.

Este é um filme realizado por Mira Nair, o que garante uma riqueza visual em termos de cores fortes: os vermelhos profundos, os amarelos bem marcados, os azuis a perder de vista; também a riqueza do guarda-roupa onde não faltam os brocados, as sedas, os veludos e as rendas. 

Os cenários são lindos e muito bem reconstituidos, ressalvando a batalha de Waterloo e a fuga dos ingleses de Bruxelas, uma vez estalada a batalha. Muito bem feita e muito real.

A crítica social implícita neste filme é bastante acutilante: quem vivia nos extractos mais elevados da sociedade não queria saber de quem vivia abaixo de si, nem sequer reconheciam a sua existência.
A luta desesperada por subir na "escada social", para ter acesso "àquele" baile naquela casa, daquela pessoa muito específica e "bem", é algo recorrente, e que, ao fim destes anos todos, não passou de moda.
O ser humano continua sempre em busca de algo mais na sua vida, muitas vezes não se apercebendo que se perde pelo caminho, que perde de vista pessoas e acontecimentos mais importantes. Sempre em busca do reconhecimento dos outros, sendo esses outros, pessoas ou grupos que ele considera de sumária importância.

Para quem não quiser enfrentar o "monstro" de mais de 800 páginas, pode encontrar neste filme uma boa representação do livro.

E vocês, já viram este filme? O que acharam?

Kisses da vossa Geek
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