quinta-feira, 19 de abril de 2018

Opinião



Começo por dizer que nunca li Harry Potter. Sim - grande pecado, não? Mas esta foi mesmo a minha estreia com a autora.

Como enredo, temos uma cidade pequena no interior de Inglaterra e uma morte súbita - sim, redundante - de uma pessoa, que pertencia à assembleia municipal dessa mesma cidade. Um membro muito estimado e, ao mesmo tempo, controverso. Barry Fairbrother tinha vindo do "lado errado" da cidade, o bairro social de Fields, e, através dos seus esforços, conseguiu subir a escada social até ter uma família estruturada, casa e uma posição de relevo na sociedade de Pagford, além da sua incessante actividade em prol da comunidade.
A morte de Barry deixa mais do que apenas um lugar vago na assembleia municipal. Deixa também um lugar vago de defensor de Fields e das suas gentes.
No meio disto tudo, aparece um designado Fantasma do Barry, disposto a revelar segredos chocantes de alguns dos candidatos à tal "casual vacancy"(o titulo original).
O que se vai seguir é um retrato fiel das lutas políticas, neste caso a uma micro-escala, mas fica bem patente os jogos de poder que se jogam, para se conseguir eleger quem queremos, para apoiar a nossa causa.

A leitura começou muito bem, com personagens delineadas com calma e tempo. Mas muitas personagens. Lembro-me de pensar que era parecido com uma série que gosto muito, os Midsummer Murders, em que por detrás da mais bonita cottage inglesa ou da maior mansão de campo, escondem-se segredos muito sujos e escuros. Até mais ou menos a meio do livro estava a gostar imenso.
Mas a autora quis tocar numa miríade de assuntos, de tal forma que não avançou o enredo, perdeu tempo precioso em personagens que no final, não aqueceram nem arrefeceram na trama - simplesmente estavam lá - e que fez com que apenas nas últimas 100 páginas ou menos, realmente houvesse alguma coisa de relevante acontecer, pois foram gastas imensas páginas em situações, que depois vieram a dar num beco sem saída. 
A escrita ajudou a que, mesmo sem grandes desenvolvimentos, prosseguisse a leitura, mas não fiquei de modo nenhum satisfeita com esta abordagem. Estou habituada a ler livros sem acção, parados - não é esse o meu problema. Percebo que este foi um livro como eu chamo de "fatia de vida" ou seja, não há antes nem há depois: lemos o que está contido nessa "fatia" e depois os personagens continuam a vida deles, como normalmente, só que nós não os estamos a "ver". O meu problema com este livro foram as páginas intermináveis de introdução a cada personagem, para depois acabar tudo de "afogadilho", sem honra nem glória. 
Não tem tudo que acabar em bem - a vida real acaba mais vezes mal do que bem - mas toda a parte final foi desconcertante e estranha.

Se irei ler mais desta autora? Não sei. Mas agora percebo as pontuações baixas no Goodreads.

E vocês - já leram? O que acharam?

Kisses da vossa Geek


2 comentários:

  1. Olá :)
    Revi-me naquilo que escreveste. Li este livro o ano passado e foi uma leitura dolorosa. Quando cheguei às ditas 100 páginas (mais coisa menos coisa) eu já só pensava: quando é que enterram o homem? Já estava cansada de tanta personagem e de tanto arrastar das coisas.
    Se lhe dei duas estrelas foi um pouco pelo final que começou a desenvolver. Sinto que daqui a uns meses pouco me lembrarei do livro.
    Por acaso eu cheguei a ler Harry Potter, mas já em adulta. Li para aí há uns 3 anos. Não fiquei fã... Mas eu e a fantasia não temos uma relação muito estreita.
    Boas leituras.

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    1. Olá

      "Dolorosa" é mesmo a palavra que melhor descreve esta leitura, a partir do meio do livro. Foi a custo que li o que restava, numa tentativa de fazer senso de toda esta amálgama de personagens e situações. Não digo que não houve algumas que me tocaram, mas a chatice foi demasiada para que até isso melhorasse a minha experiência de leitura.
      E também acho que daqui a 6 meses nem me lembro mais que li este livro.
      Boas leituras também:)

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