domingo, 29 de abril de 2018

A história de um leitor



A propósito do Dia Internacional do livro, celebrado a 23 de Abril, pensei em dissecar o que é isto de ser leitor. De onde vimos, para onde vamos, o que lemos - um bocadinho como o sentido da vida.

Havendo vários tipo de leitores, todos começamos da mesma maneira: o bichinho que nos leva a pegar num livro, admirar as páginas, mesmo que ainda não consigamos ler uma única letra do que lá está.
Evoluímos dos livros de bebés, para infantis, daí para juvenis, YA e depois adultos. Até aqui, há a evolução necessária que se adequa à necessidades do leitor, enquanto atravessa as diferentes idades e diferentes maturidades.

Chegando à fase adulta, é que a burra se esconde nas couves. Porque aqui, há a tendência para sectorizar os leitores. Ora, se chegaram à idade adulta e tendo lido todas as "criancices" para trás, só deveriam ler livros cada vez mais complexos, fechando-se a si mesmos numa torre de marfim. Certo? Nem sim nem não.
Há quem vá progredindo do romance contemporâneo, migre para os clássicos e a literatura de referência e nunca mais de lá saia. Há também quem leia uma miríade de géneros diferentes, conforme o humor e disposição do momento, e que faça incursões aos géneros juvenis e YA. Será que se pode dizer que se é menos "leitor", por se ler um género mais leve, como um chick-lit ou um YA? Poder-se-á fazer isso? Não!

Há leitores que se mantém fieis a um género pela sua vida inteira e isso está muito bem, se é o que os satisfaz. 
E depois há leitores por fases, tal como eu, que penso que seja a maioria. Eu comecei nos livros de ficção histórica, li bastantes clássicos e apanhei um enjoo, andei por romance contemporâneo, alguma fantasia e agora regressei em força aos clássicos e à literatura de referência mundial. E daqui por uns meses, posso bem voltar de novo apenas ao romance contemporâneo com alguns YA à mistura. E se não acontecer, também não tem mal.
Leitores a descriminarem outros leitores é que acho mal. Não temos todos os mesmos gostos  - e ainda bem! - e há, felizmente, livros para todos os gostos, géneros e feitios, sem que tenha que necessariamente haver um certo e um errado. Só há uma coisa errada: perder tempo com um mau livro! Mas até isso é subjetivo ao gosto de cada um.

Como reflexão final, apenas digo que a leitura está em decadência. Pensem nisso. Os números não mentem. O rácio de livros lidos por habitante em Portugal é baixíssimo - penso que em determinadas camadas etárias não chega a 1 livro por ano. E não é por falta de iniciativas e de sítios onde podem ler de graça - apenas o hábito da leitura não está enraizado, como noutras culturas, como as nórdicas ou anglo-saxónicas. E isso deveria ser contrariado agora, com as gerações mais novas, com programas e incentivos adaptados a elas, para que a nossa identidade enquanto país, não desapareça.

Boas leituras a todos!

Kisses da vossa Geek